Bem, para explicar isso voltemos aos bancos escolares para lembrar um pouco de nossas aulas de história. Todos estudamos os ciclos econômicos do Brasil desde que Cabral aportou aqui e ficou a bandeira portuguesa em nosso litoral: o Ciclo do Pau-Brasil, o Ciclo da Cana de Açúcar, o Ciclo do Ouro e o Ciclo do Café, mas pouca gente lembra que entre os ciclos da Cana e o do Ouro, a Cachaça foi uma atividade econômica importante para o país.

Sim, a cachaça contribuiu economicamente para o desenvolvimento comercial do Brasil durante mais de duas décadas após o início do declínio do comércio açucareiro, uma vez que já era uma importante moeda no comercio escravagista com países africanos, especialmente Angola – esse é um outro ponto que pretendo abordar em outro post, pois devemos um resgate histórico pela participação do Brasil e a produção de açúcar na criação do sistema escravagista do “Plantation”.

Voltando ao Dia Nacional da Cachaça, com a “aguardente da terra” ganhando espaço e importância comercial, a queda nas vendas de vinhos e aguardentes portuguesas para o Brasil começou a diminuir fazendo com que a Coroa Portuguesa passasse a taxar excessivamente sua produção e venda, e como não obteve sucesso, chegando a proibir as duas atividades em solo tupiniquim. E é aí que a história do Dia da Cachaça tem o seu “plot twist”.

O status quo do mercado conta que o dia 13 de setembro foi o dia em a então regente de Portugal, Luísa de Gusmão, liberou a produção e a venda da cachaça no Brasil após o episódio que ficou conhecido nos livros de história como a Revolta da Cachaça. Porém, após uma ampla pesquisa e farta comprovação documental, meu saudoso amigo e colega Dirley Fernandes, descobriu que a história como é contada estava errada, e que na verdade o dia 13, foi o dia da proibição! Esse fato não altera que devemos comemorar o dia, não só pela cachaça enquanto bebida, mas pela Revolta da Cachaça ter sido um dos primeiros movimentos rebeldes contra a Coroa Portuguesa e abriu caminho para outros que se sucederam e culminaram com a Independência do Brasil.

Proibida ou liberada, o fato que desde então a cachaça tornou-se a bebida nacional. Permeia nosso cotidiano de forma praticamente onipresente, passando por nossa história, nosso idioma, nossa música, literatura, folclore, enfim, em nossa cultura.

 

Fonte: www.estadao.com.br

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